A noite caíra deixando o ambiente na penumbra. Ninguém lembrara de ascender as luzes.
Aos poucos, todos voltavam apressados para casa. Menos ele.
Aquele homem estava sozinho com seus pensamentos e tentava segurar a ansiedade.
Será que ela viria naquela noite? Ele sempre a esperava. Nunca havia marcado nenhum encontro, nunca tinha tido coragem de propor-lhe algo além.
Mas sempre sonhava com aquela possibilidade.
Ali, sentado em seu cômodo escritório, se permitia sonhar. E sonhava!
Sentia sua presença, seu perfume adocicado, ouvia seus passos apressados pelo corredor. A sua voz vibrante e sensual, sempre a brincar em seus ouvidos... Era um bálsamo para seu ser melancólico e formal. Ela era uma eterna criança, nunca iria crescer. Isso o fascinava.
Cerrou os olhos, esticando-se confortavelmente na cadeira.
Ouviu umas suaves batidinhas na porta. Sabia que era ela. Estremeceu por dentro. Era ela sim, conhecia aquela sensação.
Hesitou por alguns segundos. Só alguns passos e estaria de frente com ela. Segundos que pareceram séculos... Olharam-se longamente, desejosos, bocas se encontrando num longo e apaixonado beijo! Línguas e carícias trocadas, roupas espalhadas em total desalinho.
Corpos suados, molhados de amores liquefeitos roçavam e se entrelaçavam em uma cadencia perfeita. Sons, gemidos e sussurros, os faziam delirar.
Um som interrompeu tudo. O toque do celular. Ele teve que atender. Plim, Tudo virou fumaça, foi só mais um sonho seu!
(Penélope Freitas)
Podia ser mais quente. Vou esperar um pouco mais.
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