Já tomei todas que podia por hoje.
Já engoli sapos gordos e muita fumaça mentolada.
Muito mais do que deveria.
Já pensei besteiras demais,
Falei outras tantas,
E agora só.
Só e somente só!
Intoleravelmente intolerável.
Silêncio ensurdecedor de vozes que não param de falar.
Acelerando o que deveria estar sem bateria.
Quem pode desligar esse troço?
Quem pode explicar essa avalanche de coisas que não param de cair?
Quem pode deter essa inexplicável vontade de dormir?
Ah dormir! Dormir por uns cem anos,
Dormir e só acordar quando tudo isso passar.
Dormir é benção dos deuses,
Só para os escolhidos, os livres e sem pesares.
Dormir é deixar de existir por algumas horas,
E isso é divino!
Nem de longe tenho algo de divino,
Se não durmo, escrevo, se escrevo, sonho.
E de letra em letra, de frase em frase,
Vou deixando minha angustia nesse canto
Nesse branco canto, cheio de fumaça, sapos
E um tanto de sonhos.
Sonhos que só são sonhados aqui.
De frase em frase,
Nesse meu canto branco.
Ah! Se esse meu canto dissesse o que digo
Sem querer dizer... (Penélope Freitas)
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