A DIÁLOGOS
FAMILIARES SOBRE LOUCURA
Luiz Celso Castro de Toledo
Capítulo III – As vozes Familiares
No
tocante ao que lemos neste capítulo, pela nossa história de vida, fugiremos um
pouco do conteúdo das falas lá apresentadas. Preferimos comentar que,
vivenciamos todas as vozes e que para compreendermos o que os familiares pensam
e falam dos portadores de doenças mentais é uma tarefa quase impossível.
Entendemos que, por desconhecerem as etiologias e como lidar com esses doentes,
as famílias se afastam e abandonam seus filhos, irmãos e passam a vê-los,
primeiramente como um embusteiro que não quer assumir suas responsabilidades.
Com o passar do tempo e abandonado à própria sorte, se torna um estorvo e mesmo
que por vezes, lute e volte a ter uma vida relativamente normal, nunca mais
será tratado como antes de “surtar”. Nunca mais, não importa os progressos que
faça será levado a sério e retirará o rótulo de incapaz.
Quanto ao preconceito, não só na
família, mas em qualquer ambiente que transitou ou que porventura contou a sua
história, haverá sempre o estigma de que não é uma pessoa confiável. Mesmo nos
meios mais improváveis e que deveriam ser de acolhimento, como os que lidam ou
lecionam saúde mental.
Capítulo IV – Algumas Respostas as nossas questões
Pelo mesmo motivo do capítulo
anterior, nos ateremos às nossas impressões.
Comparamos
os dados obtidos pela pesquisa com as nossas vivências e chegamos a entender
como os familiares concebem a loucura em um de seus membros. Ao mesmo tempo em
que se sentem responsáveis pelo adoecimento através da hereditariedade ou de
agentes estressores ocorridos na vida do paciente ou provocados pela própria
família, eles demonstram sentimentos e comportamentos ambivalentes para com
membro adoecido.
A priori, prevalece a impotência e o
sentimento de vitimização, tanto em conter a violência das crises, quanto em se
dizerem exaustos e que fazem de tudo para conviver bem com o louco, que é uma
pessoa boa, de bom coração e outros adjetivos agradáveis para minimizar o
sentimento de culpa que carregam.
Depois vem o medo do contágio, de
enlouquecerem também, ou de adoecerem por causa do parente que dá tanta
preocupação.
Enfim, o que as famílias deveriam
saber é que os seus loucos, não precisam de tanta preocupação, esforço e
dedicação. O que os portadores de doença mental esperam de seus familiares é
apenas acolhimento e aceitação. Melhor que muita medicação, psicoterapia,
terapias familiares, seria que as famílias dos loucos, procurassem se informar
sobre as suas doenças, as aceitassem como se aceita outra doença qualquer, como
o câncer por exemplo. Nada mais doloroso e ineficaz para um louco, saber que
seu porto seguro, de onde deveria vir sua principal força para querer uma
melhor qualidade de vida, é a sua pior e menos efetiva fonte de amor e cuidado.
Considerações Finais
Considerando que estamos diante de uma leitura
extremamente forte para nossa estrutura emocional atual, não satisfizemos nosso
padrão de exigência pessoal ao finalizar esta síntese. Gostaríamos de nos
posicionar com total isenção como o fizemos ao longo de todo o curso. Mas nos
foi impossível desta vez. Deparamo-nos com vários fantasmas durante todas as
disciplinas cursadas, psicopatologias, personalidades, manejos e práticas com
nosso transtorno, inclusive com os nossos velhos conhecidos psicofármacos. Nada
nos abalou, pelo contrario, enriquecemos nossa experiência de vida com
embasamento científico. Entretanto, ao falarmos de família e adoecimento
mental, em particular, sobre esta pesquisa, nos sentimos travados e mobilizados
ao extremo.
Considerando ainda, que concluindo
este trabalho, ultrapassamos mais um obstáculo. Conseguimos, falar sobre esta
pesquisa, expor nossas impressões e mesmo saindo do contexto do que nos foi
solicitado, vale salientar que estamos gratificados com o aprendizado teórico e
muito mais ainda com o que representou para o nosso crescimento pessoal.
Para encerrar, transcrevemos a
citação do autor que nos deu a convicção que, mesmo antes de ingressarmos no
curso de Psicologia, já tínhamos como certa e inquestionável;
“Desde
que comecei a atuar em hospitais tive a oportunidade de observar de perto o
quanto a presença ou a ausência dos familiares influenciam no curso das
terapêuticas, no arrefecimento ou na agudização das sintomatologias e nos
prognósticos. Alguns autores afirmam que a participação das famílias chega a
ser mais importante para o sucesso de qualquer iniciativa com pacientes graves
do que as terapias, os grupos ou do que quaisquer outros aspectos dos
tratamentos, incluindo aí as medicações” (TOLEDO, 2006, p.23).
ETERNAMENTE TARJA PRETA!!! E A FAMÍLIA É NORMAL?
Nenhum comentário:
Postar um comentário