domingo, 23 de novembro de 2014

Um livro difícil de ler e comentar



A DIÁLOGOS FAMILIARES SOBRE LOUCURA

Luiz Celso Castro de Toledo






Capítulo III – As vozes Familiares



No tocante ao que lemos neste capítulo, pela nossa história de vida, fugiremos um pouco do conteúdo das falas lá apresentadas. Preferimos comentar que, vivenciamos todas as vozes e que para compreendermos o que os familiares pensam e falam dos portadores de doenças mentais é uma tarefa quase impossível. Entendemos que, por desconhecerem as etiologias e como lidar com esses doentes, as famílias se afastam e abandonam seus filhos, irmãos e passam a vê-los, primeiramente como um embusteiro que não quer assumir suas responsabilidades. Com o passar do tempo e abandonado à própria sorte, se torna um estorvo e mesmo que por vezes, lute e volte a ter uma vida relativamente normal, nunca mais será tratado como antes de “surtar”. Nunca mais, não importa os progressos que faça será levado a sério e retirará o rótulo de incapaz.

            Quanto ao preconceito, não só na família, mas em qualquer ambiente que transitou ou que porventura contou a sua história, haverá sempre o estigma de que não é uma pessoa confiável. Mesmo nos meios mais improváveis e que deveriam ser de acolhimento, como os que lidam ou lecionam saúde mental.

 



Capítulo IV – Algumas Respostas as nossas questões



            Pelo mesmo motivo do capítulo anterior, nos ateremos às nossas impressões.

Comparamos os dados obtidos pela pesquisa com as nossas vivências e chegamos a entender como os familiares concebem a loucura em um de seus membros. Ao mesmo tempo em que se sentem responsáveis pelo adoecimento através da hereditariedade ou de agentes estressores ocorridos na vida do paciente ou provocados pela própria família, eles demonstram sentimentos e comportamentos ambivalentes para com membro adoecido.

             A priori, prevalece a impotência e o sentimento de vitimização, tanto em conter a violência das crises, quanto em se dizerem exaustos e que fazem de tudo para conviver bem com o louco, que é uma pessoa boa, de bom coração e outros adjetivos agradáveis para minimizar o sentimento de culpa que carregam.

            Depois vem o medo do contágio, de enlouquecerem também, ou de adoecerem por causa do parente que dá tanta preocupação.

            Enfim, o que as famílias deveriam saber é que os seus loucos, não precisam de tanta preocupação, esforço e dedicação. O que os portadores de doença mental esperam de seus familiares é apenas acolhimento e aceitação. Melhor que muita medicação, psicoterapia, terapias familiares, seria que as famílias dos loucos, procurassem se informar sobre as suas doenças, as aceitassem como se aceita outra doença qualquer, como o câncer por exemplo. Nada mais doloroso e ineficaz para um louco, saber que seu porto seguro, de onde deveria vir sua principal força para querer uma melhor qualidade de vida, é a sua pior e menos efetiva fonte de amor e cuidado.





Considerações Finais



            Considerando que estamos diante de uma leitura extremamente forte para nossa estrutura emocional atual, não satisfizemos nosso padrão de exigência pessoal ao finalizar esta síntese. Gostaríamos de nos posicionar com total isenção como o fizemos ao longo de todo o curso. Mas nos foi impossível desta vez. Deparamo-nos com vários fantasmas durante todas as disciplinas cursadas, psicopatologias, personalidades, manejos e práticas com nosso transtorno, inclusive com os nossos velhos conhecidos psicofármacos. Nada nos abalou, pelo contrario, enriquecemos nossa experiência de vida com embasamento científico. Entretanto, ao falarmos de família e adoecimento mental, em particular, sobre esta pesquisa, nos sentimos travados e mobilizados ao extremo.

            Considerando ainda, que concluindo este trabalho, ultrapassamos mais um obstáculo. Conseguimos, falar sobre esta pesquisa, expor nossas impressões e mesmo saindo do contexto do que nos foi solicitado, vale salientar que estamos gratificados com o aprendizado teórico e muito mais ainda com o que representou para o nosso crescimento pessoal.

            Para encerrar, transcrevemos a citação do autor que nos deu a convicção que, mesmo antes de ingressarmos no curso de Psicologia, já tínhamos como certa e inquestionável;



“Desde que comecei a atuar em hospitais tive a oportunidade de observar de perto o quanto a presença ou a ausência dos familiares influenciam no curso das terapêuticas, no arrefecimento ou na agudização das sintomatologias e nos prognósticos. Alguns autores afirmam que a participação das famílias chega a ser mais importante para o sucesso de qualquer iniciativa com pacientes graves do que as terapias, os grupos ou do que quaisquer outros aspectos dos tratamentos, incluindo aí as medicações” (TOLEDO, 2006, p.23).

ETERNAMENTE TARJA PRETA!!! E A FAMÍLIA É NORMAL?



Família só é bom em fotos na paredes.... (Penélope Freitas)






                    

           

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