domingo, 4 de janeiro de 2015

LUTO E MELANCOLIA




Quem tem algum interesse por Psicologia ou Psicanálise, certamente já sabe do que se trata esse título. Porém, aqui nesse texto não tem nada a ver com o que Freud trata no livro que tem esse nome.
E digo mais: quem sou eu para ousar levantar questões sobre os pressupostos Freudianos?
Pinceladas apenas, aqui e acolá do que estou sentindo agora e sobre mim desde sempre.
Desde que descobri que existo, me sinto assim.
Vivo um luto eterno sei por que e por quem. Aprendi cedo a usar defesas para encobrir a melancolia que sentia. Extrema timidez e isolamento me acompanham também desde a minha meninice.
Encontrei uma foto antiga e vi que isso vem de berço! Não lembro quando tirei essa foto, mas tem a data no verso da foto, tinha três anos. E vejo nos olhos enormes da menina franzina, um misto de vergonha e pavor, apesar do sorriso. Odeio fotos até hoje.
Outro flagrante do tempo, capturado pela lente de uma câmera, já mostra o meu esforço em aprender as minhas defesas. Todas as poses, em vez de sorrisos tímidos e olhos apavorados, estão variadas caretas e línguas de fora, olhos vesgos. Tentativas infantis de esconder o meu rosto com as máscaras que hoje uso.
Sensibilidade à flor da pele. Exageros. Mente tumultuada. Inquietações. Angústias. Ansiedades. Companhias inseparáveis, amizades de infância foram esses sentimentos, nunca tive outros amigos e se os tive, não lembro mais de ninguém. Inquietações que inquietavam pessoas. Descobri recentemente que irritava muita gente com minhas perguntas. Indagações sobre temas que não eram fáceis de responder a uma criança e a criança exigia resposta. Que irritante devia ser!
Não tenho uma inteligência mediana, tampouco sou acima da média, muito menos tenho algum déficit cognitivo, me defino como uma pessoa que tem facilidade em aprender. E esse é o meu ponto forte na árdua caminhada que estou empreendendo.
Penso que pela timidez e consequente isolamento, me apeguei aos livros. Tinha a meu dispor uma vasta biblioteca com os mais variados assuntos e assim que aprendi a ler comecei a minha aventura através das histórias. Algumas não apropriadas para crianças, como Dostoiévski e A.J. Cronin, Machado de Assis, Humberto de Campos, coleções inteiras. Até que ganhei as minhas coleções...
Essa paixão por livros também me acompanha. Minha maior diversão é ir a uma livraria e comprar livros, minha compulsão. Tenho mais livros do que consigo ler e sempre quero mais.
Doença talvez, mais uma...
Essa paixão me deu muita bagagem para enganar as pessoas que sou "Muito inteligente", mais uma das minhas máscaras.
Voltando um pouco a Freud e analisando até aqui o que escrevi, me coloco entre seus psicóticos. Só que com um atenuante, tenho consciência do porque sou assim. Sei que posso um dia melhorar, mas mudar esse meu jeito de ser. Impossível
Ainda bem que não tenho nada para fazer além de escrever absurdos ao meu bel prazer.
Mente tirana, insana e corroída, dai-me paciência pra te aguentar!
Será que nunca vou aprender o que realmente preciso aprender? (Penélope Freitas)


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